Violência na escola: das políticas aos quotidianos

07-09-2010 13:38

 

O artigo “violência na escola: das políticas aos quotidianos”, de João Sebastião, Mariana Gaio Alves e Joana Campos, expõe um debate de concepções relacionadas com a problemática da violência na escola.


As situações de violência escolar têm sido acompanhadas pelo fenómeno juvenil( indisciplina, bullying...).


Segundo o autor João Sebastião e outros, o sentimento de insegurança no meio escolar e aplicação de medidas disciplinares mais severas, têm se observado cada vez mais, neste contexto o CIES  (Centro de investigação e Estudos de sociologia) procurou dar uma resposta sociológica á violência na escola a três dimensões, á dimensão teórica, ás políticas de combate á violência e á dimensão relacional/pedagógica.

 

O conceito de violência, assim como o de bullying aparecem pela primeira vez nos finais dos anos 90, mas ainda misturados com indisciplina, racismo e abuso sexual.


A noção de indisciplina foi-se generalizando a violência ( independentemente de se tratar de uma agressão física ao colega ou ao professor) o que gerou um conjunto de equívocos aos quais diversas concepções tentaram responder, o primeiro diz respeito ao carácter desviante que é atribuído ao fenómeno, o segundo ao carácter recente e o terceiro ao fenómeno da naturalização. Quanto á argumentação relativa ao carácter desviante, as concepções apenas consideram as situações de violência como expressões de personalidades ( individuais ou colectivas ou portadoras de quadros culturais e de valores delinquentes) não a referem como algo estrutural na sociedade ocidental, o que é uma grande ausência pois como refere Durkheim  “ o desvio  coloca em causa a própria existência da sociedade”, os comportamentos desviantes são fundamentais para o bem estar da sociedade porque é sempre necessário impor a norma.

 

Quanto ao carácter recente do fenómeno, a verdade é que tem uma longa história, acontecimentos como as praxes violentas na universidade de Coimbra já no século XIX e as cargas da polícia de choque durante o estado novo não serão exemplos de violência? E o porquê da insegurança se este fenómeno já não é recente? Talvez a causa esteja no sistema educativo, com a democratização política após a II Guerra Mundial (Anos50) assistiu-se a uma massificação do acesso à escola, qualquer jovem, não só os emigrantes, como também os de classe operária passariam a frequentar o ensino, o que provocou um grande choque cultural e situações conflituais, pois se alterou o tipo de população a frequentar o ensino deveria também alterar os métodos pedagógicos, por esta razão assistiu-se a alterações no papel e estatuto dos professores, este processo não foi fácil pois o senso comum cria a que a autoridade escolar correspondia a um professor distante e dominador, mas com o apoio de movimentos contestantes o saber e a autoridade do professor passou a modelos educativos que envolvem e responsabilizam toda a comunidade educativa. Ainda referente aos equívocos relacionados com a violência escolar, temos como já referido o fenómeno de naturalização das situações de violência, muitos consideram que as escolas situadas em contextos sociais desfavorecidos são por natureza mais violentas o que por sua vez dá origem a sentimentos de insegurança, no entanto em qualquer estabelecimento escolar este fenómeno pode surgir, pois a violência nas escolas surge sem qualquer razão aparente, sem reivindicações particulares nem objectivos visíveis.

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